Ter consciência de que a sua carreira profissional está alinhada com a sua vocação, ou voz interior, ao invés de estar atendendo às vozes exteriores, da sua família, amigos, meios de comunicação, meio empresarial, sociedade, etc., pode ser a diferença entre viver uma vida vazia e uma plena.
É pelo autoconhecimento que uma pessoa vai ter a segurança de que está no caminho correto, ou seja, se está construindo a sua carreira no lugar certo e da maneira adequada, como reflexo de quem é.
A vida plena vem da união do autoconhecimento com o uso dos talentos na sua plenitude, ao mesmo tempo em que beneficia os outros e o mundo como um todo.
No filme MATRIX, o personagem Thomas Anderson é questionado por Morpheus (deus do sono na mitologia grega) sobre se ele preferia tomar uma pílula azul e continuar vivendo uma vida de aparências, cego pelo sistema, com um conforto, conveniência e segurança ilusórios, onde é usado apenas para benefício do sistema (alimentar as máquinas); ou tomar uma pílula vermelha, acordar e encontrar o seu verdadeiro eu, tornando-se NEO (do grego “néos”, que significa novo), passando por um processo de renascimento, ou reencontro com o seu eu verdadeiro. Essa criação de consciência a respeito de si pode ser um processo doloroso, porém maravilhoso, por abrir as portas para viver uma vida autêntica, congruente com a razão do seu nascimento. Conhecer-se o coloca em contato com os seus superpoderes, que são os seus talentos. Vale lembrar que, ao conhecer a sua verdadeira natureza, aceitar-se e aprender a ser quem deveria ser, NEO chega até a voar, como um sinal de máxima congruência entre quem ele é e a vida que ele vive.
Quantos de nós não estamos inebriados pela correria do dia a dia e pelo bombardeio do mundo à nossa volta, o qual diz o que é o certo e o errado para as nossas vidas, vivendo com uma sensação de desajuste e desconexão com o mundo?
O caminho para uma vida plena, com um forte senso de autorrealização, passa pelo autoconhecimento, aqui simbolizado pela atitude de tomar a pílula vermelha. Decidir qual pílula tomar depende exclusivamente da vontade e da coragem de cada um. A vida que cada um leva é consequência direta dessa decisão.
PÍLULA VERMELHA – VIDA PLENA – é o caminho do autoconhecimento, que permite a você se sentar no banco do motorista da própria vida, vivendo uma vida alinhada com quem é e respeitando o mundo à sua volta. Isso envolve escutar os próprios pensamentos, conhecer-se, obter clareza e entendimento de quem é e, consequentemente, do que fazer e para onde ir. Com a pílula vermelha você vive a sua vida, o que de início pode gerar desconforto, estresse e difíceis mudanças. Em um primeiro momento, o choque da realidade por ser muito difícil.
PÍLULA AZUL – VIDA VAZIA – significa continuar sentado no banco do passageiro, vivendo a vida que as pessoas à sua volta e/ou a sociedade querem que você viva, que é mais conveniente e interessante para elas, não necessariamente para você. Sinais de estar vivendo essa vida são sentimentos de incômodo, desarmonia e vazio, mesmo que haja indicadores materiais de sucesso. Com a pílula azul você continua vivendo a vida dos outros, que a princípio pode parecer mais confortável e segura, ou, infelizmente, normal.
Ao tomar a pílula vermelha, a do autoconhecimento, é possível que a pessoa acorde com a tranquilidade e a sorte de já estar no lugar certo e fazendo o que deveria ser feito para a autorrealização e a conquista de uma vida com real valor, para si. No entanto, pode acontecer de a pessoa acordar e se dar conta de que está muito longe de onde deveria estar, com um elevado grau de desalinhamento da sua jornada, e do que tem feito, em relação ao seu eu ideal, aquele com que nascemos com a tarefa de revelar para o mundo, em prol deste.
A partir do momento em que temos clareza de quem somos, dá-se início ao caminho em direção à realização da obra com que nascemos para construir.
Existem pessoas aparentemente bem-sucedidas que vivem à base de pílulas azuis, tomando-as todos os dias. Lembrando que, para uma pessoa ser vista como alguém de sucesso, basta ela ser percebida como melhor do que com quem ela é comparada, não necessariamente por estar sendo quem é, na sua totalidade, ou por realmente estar fazendo uma diferença positiva no mundo.
Se uma pessoa vive uma vida incongruente com a sua essência, porém com conforto, segurança e status, que refletem os valores do mundo do qual é prisioneira, pode ser mais difícil e arriscado tomar a pílula vermelha. O preço para se conhecer de verdade, sem fantasias, e enxergar a realidade como ela é pode acabar sendo muito caro.
Quando falamos em sermos felizes de verdade, através de uma carreira profissional que realmente nos proporcione uma vida existencialmente rica e gratificante, penso da mesma maneira que o filósofo grego Diógenes de Sinope, a quem é atribuída a expressão “antes tarde do que nunca”. Nunca é tarde para tomar a pílula vermelha, para conhecer a verdade a respeito de si mesmo e, a partir daí, usufruir de uma carreira profissional congruente com a razão de sua existência, para que, ao final da vida, se possa ter o privilégio de sentir que cumpriu a sua missão – em outras palavras, viveu a vida que nasceu para viver.



